O mercado da Avenue du Prado está a fervilhar de gente. Parece o centro do mundo e podemos perder tempo a tentar adivinhar origens de quem passa: cor de pele, nariz, cabelo, olhos.
O mundo todo parece caber neste mercado, mas ouve-se uma só língua. A Marselha multicultural é assim: em francês.
“Olha, mais jornalistas, andam por cá muitos ultimamente”, comenta Allal Zekgaoui, 38 anos, francês com mãe de origem argelina, a vida toda no negócio dos legumes frescos e há sete no mercado, ao ver um bloco de notas e uma máquina fotográfica. O motivo de tantos jornalistas por aqui são as eleições: a Frente Nacional ficou em segundo lugar na primeira volta das municipais. Não há nada como um mercado para falar de política.
“Vamos ver se os socialistas dão agora o seu voto à UMP [União para um Movimento Popular, na oposição a nível nacional, que ficou em primeiro lugar na primeira volta.] Aqui há muita gente contra Marine [le Pen, a líder da FN].” Ele próprio, claro: “Ela quer acabar com a habitação social, quer fechar as fronteiras da França, é contra a Europa…”.
E ele, o que pensa sobre a Europa? “Sou a favor de uma Europa com potências”. Com ou sem países como Portugal? “Bom, sim, acho que sim…” Grécia? “Isso já são questões políticas”, diz desviando-se da pergunta. “Mas a Europa não é para nós. Não foi construída para nós, para os cidadãos comuns. É para eles, para os grandes.”
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