Susana, Paquita, Ascención e Melchiora distinguem-se do resto dos passageiros na carruagem 7 do comboio de alta velocidade de Madrid para Barcelona. São quatro freiras e enquanto não se nota os quase 300 km/h do comboio, é bem visível a sua animação com o encontro de trabalho que acabaram de ter – juntou mil pessoas!, sublinha Paquita – em Madrid.

As quatro irmãs carmelitas de São José gostam de estar na Europa e da ideia de Europa: “É bom poderes viajar só com o cartão de identidade, e o euro também nos facilita a vida”, dizem. “Não que nos dediquemos a viajar”, apressam-se a explicar, para não dar uma ideia errada. Mas duas delas trabalham num colégio “e dá jeito nas viagens com os miúdos”. Já se entusiasmam mais quando dizem que, vivendo em Barcelona, se sentem um pouco catalãs. Não políticas – explicam logo para evitar mal entendidos. “Integradas.”

Na Europa, lamentam que o espaço religioso a nível cultural não se traduza numa prática maior da religião. “Mas a liberdade de crenças é uma coisa boa”, atalha Ascención, a mais velha.

Quanto a política, nenhuma das irmãs quer dizer o que votará nas eleições europeias. “Vou ver o programa atentamente e escolher o que defender os direitos das pessoas, o direito à vida”, diz Melchora.

No final, ao falar da crise, deixam uma mensagem – mais uma vez Ascensión, um brilho nos olhos mais velhos: “Energia para lutar!”