Viagem à Europa

Um comboio, duas mochilas, a Europa: em vésperas de eleições europeias vamos fazer um Interrail. Vamos parar aqui e ali, de Barcelona a Bruxelas, de Atenas a Berlim, de Sófia a Londres. Os pontos estão marcados no mapa, o espaço é para surpresa.

Bari, Itália

O poder às mulheres em Bari

São mulheres de todos os partidos políticos e estão no centro de Bari para apresentar a sua luta: mais representação para as mulheres no poder local.

“Os homens querem o poder para o manter”, diz Giusi Gianelle, escolhida como a porta-voz entre uma confusão de vozes que vão misturando todas as línguas que falam – italiano, claro, espanhol, francês e inglês – para tentar explicar ao jornal português a sua campanha.

Há algo em que este grupo é original, sublinham: tanto há mulheres do Partido Democrático, no poder, como da Forza Itália, de Berlusconi, ecologistas, etc, etc. Há mulheres muito diferentes e mesmo entre as poucas dezenas que assistem a esta acção: vêem-se cabeças de cabeleireiro ou despenteadas pelo vento, lenços tipo kaffieh ou acetinados, ténis ou saltos altos. Daí que a cor escolhida para o movimento seja um violeta difuso, cor de muitos lenços que vão distribuindo. “Não é uma corte forte, definida.”

As mulheres querem a aplicação de uma lei de dupla preferência de género, que, dizem, permitirá mais representação feminina nos organismos de poder local. “Queremos quebrar o voto único, em que quem ganha sempre são os homens.” A lei foi aprovada em 2012 e permite que os eleitores passem a poder escolher dois candidatos da lista, desde que um seja um homem e o outro uma mulher, mas não está ainda a ser aplicada.

Uma maior presença de mulheres na política trará diferenças. “Os homens querem o poder pelo poder. As mulheres querem construir algo”, dizem. Ou: “as mulheres usarão mais o diálogo”, acreditam.

As eleições europeias estão longe ainda da mira destas mulheres, mas Giusi Gianelle acredita que mudanças a nível local acabarão por se reflectir na política nacional e europeia. “Este é um work in progress. Mas quebrando este ciclo de poder masculino, vamos conseguir.”

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