Há um monumento começado, interrompido, e que agora parece estar prestes a recomeçar na Praça Szabadsag (Liberdade), em Budapeste.
Pelo menos é o que as pessoas lêem nas barreiras de metal que foram postas à volta dois dias apenas depois de o Governo de Viktor Orbán ter sido reeleito.
O que aconteceu? As pessoas vieram e tiraram as barreiras. Hoje vieram e tiraram outra vez. “E amanhã vão tirar de novo”, garante Laura, 21 anos, que está na manifestação contra este monumento.
“É um monumento vergonhoso”, diz. Ao assinalar as vítimas da invasão alemã de 1944, é criticado por apresentar a Hungria como uma vítima inocente. O monumento é especialmente incómodo para a comunidade judaica, que acusa o memorial de retirar toda a responsabilidade das autoridades húngaras da altura na morte dos judeus do país.
“O nosso maravilhoso Governo tinha prometido um diálogo sobre este monumento. Mas a primeira coisa que fez quando reeleito foi recomeçar a construção sem dizer nada a ninguém”, queixa-se Laura. “Foi literalmente a primeira coisa que fizeram depois de ser reeleitos.”
Laura está na manifestação acompanhada pela mãe, que hesita antes de dar sequer o primeiro nome. Medo que herdou dos pais, das histórias do carro grande que vinha pela manhã e levava pessoas, opositores. “Eu vivi o socialismo”, começa. “Em 1989 veio a democracia e eu… eu esperava algo diferente”, nota. “Não vou dizer que agora é como era nessa altura. Agora posso viajar, não preciso de esperar anos por um passaporte. Mas houve uma viragem para trás. Esperava algo diferente da democracia”, repete.
A pertença à União Europeia é algo muito importante para as duas. “Não acredito no discurso no nosso primeiro-ministro em relação à Europa. Somos dos países que mais recebe em proporção com o tamanho. Ele não pode estar a dizer em Bruxelas as mesmas coisas que diz cá.”
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