Viagem à Europa

Um comboio, duas mochilas, a Europa: em vésperas de eleições europeias vamos fazer um Interrail. Vamos parar aqui e ali, de Barcelona a Bruxelas, de Atenas a Berlim, de Sófia a Londres. Os pontos estão marcados no mapa, o espaço é para surpresa.

Lisboa -> Madrid

Um americano no Lusitânia

Entra-se no Lusitânia e passado muito pouco tempo as pessoas estão a pôr-se confortáveis: vendas de olhos, sapatos no chão, cobertores. Este não é um comboio de grandes conversas, já nos avisa um dos revisores, que trabalha aqui há uns bons anos.

No bar encontramos uma única pessoa. É Alexander Brittain, um americano de 22 anos, estudante de filosofia (“provavelmente vou acabar a trabalhar em gestão”, ri-se), que está na sua terceira viagem pela Europa (“bom a primeira foi a Inglaterra que é um pouco diferente, é uma ilha”).

De todos estes países onde falam línguas que não são a dele – começou na Escandinávia na última viagem, agora começou por Espanha – vai somando impressões. E estas são de que na Europa há muitas “graduações”. Por exemplo: “Os nórdicos são os únicos na Europa que acham a Alemanha relaxada”. Ou de como a noção do tempo varia, lembrando-se de como é difícil combinar com uma amiga francesa: “Ela diz-me sempre meia hora antes do que é suposto eu lá estar, e depois espanta-se de eu ter chegado à hora”.

Acabou por vir a Lisboa com base numa concepção um pouco errada de que “Espanha, Portugal e França é tudo mais ou menos um quadrado, tudo bem condensado”. Quando percebeu que não era, já tinha imaginado ir a Lisboa e não se arrepende nada. “Como é que nos EUA não se fala de Lisboa?” espanta-se Brittain, que estuda em Phoenix, Arizona, e antes viveu a maior parte da vida no Utah.

Mas mesmo com a volta inesperada a que a Península Ibérica o obrigou, está a adorar andar de comboio: “Não é preciso despir nada nem tirar nada da mala. Nem parece que se está a viajar!”

Acabada a conversa com Alexander, já não resta quase ninguém acordado. As luzes estão apagadas. “Aqui neste comboio as pessoas são mais fechadas”, repete um dos revisores. “No Sud [que vai para França] conheço as pessoas”, ou seja, elas conversam. “Aqui são mais fechadas.”

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Alexander Brittain