Primeiro nenhum quer falar, mas depois do primeiro começar, já todos têm algo a dizer. Afinal a viagem é aborrecida: lá fora sucedem-se prados verdes, prédios feios. O mar só começa a aparecer mais à frente.
Fazem a viagem semana-sim, semana-não “para melhorar as notas” dos exames do final do liceu, dizem. São ambas escolas privadas, e “é mais fácil fazermos os exames nesta cidade mais pequena”. Isso não é um pouco estranho? “É uma coisa especial de Milão”, dizem.
Os planos para o futuro são diferentes. Davis, 19 anos, inclina-se no banco, o braço a suportar o seu peso para mostrar um pouco de músculo. “Eu quero ir viajar pelo mundo”, diz. “Como tenho tido trabalho de modelo, vou ter dinheiro.”
Já Margherita, 20 anos, tem lugar guardado numa universidade em Londres e ida marcada para Setembro. Vai estudar Arte e Design, e logo vê se depois do curso volta ou não.
Ginevra, 18, e Thea, 19, querem seguir moda e psicologia, embora se preocupem com a falta de oportunidades, não vão trocar a sua vocação. Já Cristian deverá ter mais sorte com engenharia mecânica, mas apressa-se a explicar que não escolheu por ser um curso com mais perspectivas, mas sim por ter futuro.
Numa coisa todos torcem o nariz quando se fala de eleições. Alguns já votaram, outros não, mas a questão não os entusiasma. Europeias então, nem sabem. Falar sobre a Europa é outro desafio: “Acho que o meu inglês não é suficiente para isso”, ri-se Davis.
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