Um café vintage numa esquina, com uma vitrina dos 1950 e nada mais recente do que dos anos 1990, e uma sala de espectáculos/exposições/espaço de trabalho nas traseiras de um prédio, com parafernália de som e um caos organizado. Este fim-de-semana visitámos dois portugueses em Berlim. Em duas visitas, duas surpresas.
Dídio Pestana e Lúcia Vicente escolheram viver em Berlim há já vários anos. Têm em comum serem portugueses, e não fazerem parte de uma onda recente de chegadas relacionadas com a crise.
Aqui acabaram por ter projectos que poderiam ter mais dificuldade em realizar em Lisboa: Dídio Pestana com o Altes Finanzamt, um colectivo de várias nacionalidades que tem um espaço que programa concertos, exposições e dança e Lúcia Vicente com o Lissabonbon, um café-vintage-que-não-é-português, cupcackes e um grupo de burlesco.
Enquanto Dídio manteve um percurso – dar aulas de português e trabalhar “no mesmo que trabalhava em Portugal” – música e som para filmes, normalmente documentários”, Lúcia passou por vários empregos e fez coisas totalmente diferentes: “Fui ‘junior communication manager’ numa empresa apesar de não ter qualquer formação na área – sou de História. Mas aqui o que valeu foi a minha experiência a vender cupcakes na net, dinamizar a página no Facebook, etc. Foi nisso que a entrevista, via Skype para Singapura, se focou”, conta. “Em Portugal veriam uma licenciatura em História e nenhuma experiência em comunicação e poriam logo a minha candidatura de lado”, comenta.
As duas visitas acabaram, por coincidência, com música. No Altes Finanzamt, havia um concerto dos Shorthand for Distance, formada por Dídio e pelo islandês Eirik. E no Lissabonbon uma das clientes, Victoria Pickett, a viver em Berlim desde os anos 1980, deu um miniconcerto de uklele.
Comentários