Viagem à Europa

Um comboio, duas mochilas, a Europa: em vésperas de eleições europeias vamos fazer um Interrail. Vamos parar aqui e ali, de Barcelona a Bruxelas, de Atenas a Berlim, de Sófia a Londres. Os pontos estão marcados no mapa, o espaço é para surpresa.

Milão, Itália

À procura do luxo, encontramos os grillini

As ruas de Milão estão cheias – é o primeiro sábado de sol e sem chuva desde há mais de um mês. No meio da confusão que saía do Duomo, vagas de pessoas a encher as ruas, partimos à procura de uma das ruas com lojas mais luxuosas de Milão.

Mas antes de lá chegarmos, tropeçamos num encontro do Movimento 5 Estrelas (M5S), do comediante Beppe Grillo.

Estão aqui para falar de uma proposta para um subsídio de mínimo de existência em Itália, mas na mesa, ao lado dos microfones, há folhetos tanto sobre a proposta do dia como sobre as eleições europeias.

Este encontro na rua – “Chamamos-lhe Ágora”, como na Grécia antiga, diz Marco Valli, que trabalha para um dos deputados grillini, enquanto este fala ao pequeno grupo que se juntou – é uma das acções destes deputados para “não se afastarem dos eleitores”, a cada duas, três semanas, sobre temas específicos. Para além disso, “temos tudo na net”, continua Valli, orgulhoso: “O M5S é uma experiência de democracia participativa.”

Os membros da lista às europeias vão ser escolhidos num modelo original, explica: quem é membro desde 31 de Dezembro de 2012 pode submeter a sua candidatura com um currículo, declaração de intenções, e fotografia. As pessoas inscritas no site como membros do movimento podem votar nos seus candidatos preferidos.

As últimas sondagens dão ao M5S entre o 2º e 3º lugar, mesmo a par com a Forza Italia de Silvio Berlusconi (que não vai poder encabeçar a sua lista), cada um com 19 eurodeputados. Em primeiro o Partido Democrático com 23 eurodeputados, segundo as projecções. Mas Valli está mais optimista do que as sondagens: “Esperamos ganhar!”

Com um manifesto em que vão pedir à Europa medidas como eurobonds (“para que Itália não pague 4% de juros e a Alemanha menos do que 1%) e fim do limite da dívida para investimento em inovação e novas actividades produtivas, o M5S quer “fazer uma coligação com países como Espanha, Grécia e Portugal”. “Se não conseguirmos estas mudanças, propomos um referendo à permanência no euro”, conclui Valli.

De conselheiro financeiro num banco, Valli passou a conselheiro de um deputado do M5S. “Quando trabalhei para um banco era jovem e estúpido”, diz a rir. “Mas aí aprendi como os bancos lucram com os sacrifícios das pessoas.” Daí chega a uma frase sobre o mote do movimento-partido – “tem de escrever isto, é muito importante: queremos pôr os interesses das pessoas antes dos interesses económicos.”

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Daniele Pesco, Marco Valli, Livio Loverso e Vincenzo Aghusdei